amores

Mariana 1 ano e meio

Mariana 1 ano e meio

Mariana

Mariana

sexta-feira, 29 de agosto de 2008

O que é a palavra?
Algo que sai da minha boca, da tua boca, da boca deles. mas para que serve? para me exprimir, para te exprimires, para eles se exprimirem. gosto de as por cá fora para que brinquem com outras que saiem de outras bocas. mas por vezes por mais que queira elas não saiem. puxo e puxo com mais força, mas não vale a pena. o que faço? desisto? não. não saiem pela boca, saiem pela ponta de uma caneta directamente para uma simples folha branca de papel. uma folha disposta a receber as minhas palavras, as minhas ideias, os meus pensamentos, o que vai dentro de mim. e ela (a folha) não se queixa, limita-se a ficar ali quieta, toda esticada para que a caneta consiga passar o que quero. recebe as palavras e ficam ali todos em onjunto, folha, palavras, pontuação e tinta. a folha fica cheia, é o abrigo das palavras. para que estas não se vão embora e fiquem neste abrigo para sempres. fecho-o. dobro a folha, uma e outra vez, ali fica ela, no abrigo das folhas, que contém palavras ditas num momento que mais tarde não terão o mesmo significado.
Poesia Matemática
Millôr Fernandes
Às folhas tantas do livro matemáticoum Quociente apaixonou-seum dia doidamentepor uma Incógnita.Olhou-a com seu olhar inumerávele viu-a do ápice à baseuma figura ímpar;olhos rombóides, boca trapezóide, corpo retangular, seios esferóides.Fez de sua uma vida paralela à delaaté que se encontraram no infinito."Quem és tu?", indagou eleem ânsia radical."Sou a soma do quadrado dos catetos.Mas pode me chamar de Hipotenusa."E de falarem descobriram que eram(o que em aritmética correspondea almas irmãs)primos entre si.E assim se amaramao quadrado da velocidade da luznuma sexta potenciação traçando ao sabor do momentoe da paixãoretas, curvas, círculos e linhas sinoidaisnos jardins da quarta dimensão.Escandalizaram os ortodoxos das fórmulas euclidianae os exegetas do Universo Finito.Romperam convenções newtonianas e pitagóricas. E enfim resolveram se casarconstituir um lar, mais que um lar, um perpendicular.Convidaram para padrinhoso Poliedro e a Bissetriz.E fizeram planos, equações e diagramas para o futurosonhando com uma felicidade integral e diferencial. E se casaram e tiveram uma secante e três conesmuito engraçadinhos.E foram felizes até aquele dia em que tudo vira afinalmonotonia.Foi então que surgiu O Máximo Divisor Comumfreqüentador de círculos concêntricos,viciosos. Ofereceu-lhe, a ela,uma grandeza absolutae reduziu-a a um denominador comum.Ele, Quociente, percebeuque com ela não formava mais um todo,uma unidade. Era o triângulo, tanto chamado amoroso.Desse problema ela era uma fração, a mais ordinária. Mas foi então que Einstein descobriu a Relatividadee tudo que era espúrio passou a ser moralidadecomo aliás em qualquer sociedade.
Texto extraído do livro "Tempo e Contratempo", Edições O Cruzeiro - Rio de Janeiro, 1954, pág. sem número, publicado com o pseudônimo de Vão Gogo.

sábado, 23 de agosto de 2008

Há silêncio, exceto no poema

Pairam rimas na minha mente

Posso gritar a toda a gente

Mas começa novamente

Posso saltar das palavras para as linhas

Ou das linhas para as ideias

E durante algum tempo monto a linha

Como monto a minha safra

Como calço as minhas meias

E nasce um poema que quebra a cor

Colorida da palavra

Bits de som e não muita forma

E repentinamente estou em lágrimas

Por ter quebrado a norma

Tenho de olhar para longe e esperar

Finalmente há silêncio

Silêncio voluptuoso

Exceto no poema vagaroso
Arma-te com as tuas armas
Convence-me com as tuas teorias
Magoa-me com as tuas palavras

Ilude-me com as tuas magias
Pinta-me com as tuas tintas

Confunde-me o olhar

Finta-me com as tuas fintas

Asfixia-me com o teu respirar

Mostra-me o teu corpo

Fala comigo ao luar

Mostra-me o teu todo

Para me poderes magoar

o fel que sai dos teus olhos e das tuas ações

Algum poeta escreve que imagem é expressão de sentimentos, mas reflita que muitas vezes o sentido de um olhar, de um sorriso e de uma musica que tanto amo significa algum sentimento que ainda não foi suscitado através de palavras, essas podem conotar alegrias, tristezas, sabedorias, paixões, amor, ódio, esses sentimentos traduzidos em palavras geralmente nos mostram o quanto o ser humano pode ser gentil na mesma proporção em que ele é rude e até que se prove o fel dos seres já teríamos caminhando bastante por várias estradas que nem sei dizer.Essa escrita de hoje é para traduzir que um dia ele ou você poderão estar em um processo de desenvolvimento de gentileza assim como desse fel que tanto quero mostrar a vocês que dói, quase igual ao choro, só que ele é seco e frio, esse é o fel......

Viviana

O que pensar acerca das imagens......
Um dos níveis onde julgo que o poema se decide, - mais até do que ao nível das figuras de estilo ou da linguagem, - é ao nível das imagens que é capaz de gerar na mente do leitor, aquilo a que Shakespeare chamava “the mind’s eye”.
O termo imagem, em poesia, refere-se a uma palavra ou sequência de palavras capazes de gerar uma experiência sensorial no leitor, seja de tipo visual, auditivo, olfativo, ou outro. Para tanto concorrem, como matéria-prima basilar, as palavras, a criteriosa selecção de palavras com suas denotações e conotações.
A denotação ou significado de uma palavra refere-se ao seu sentido literal. A conotação diz respeito ao conjunto das associações e sugestões que a palavra suscita em cada leitor. João Miguel Fernandes Jorge sugere-o muito bem em “Poemas”, retirado de “O Regresso dos Remadores”:

POEMAS (1982)
O escritor José Paulo Paes tinha razão: “Poesia é brincar com palavras como se brinca com bola, papagaio e pião”. E pode ser uma forma divertida de falar de sentimentos, evocar imagens, exercitar a atenção e a criatividade – e ainda descobrir o quanto juntar sentidos, ritmos e sons é lúdico. Nos últimos anos, cada vez mais psicólogos, psicopedagogos, educadores e pais têm descoberto o potencial dos versos. E o mercado editorial, atento a esse segmento, traz novidades.É o caso do recém-lançado Limeiriques da Cocanha, pela Companhia das Letrinhas, de Tatiana Belinky, ilustrado por Jean-Claude Alphen. Cocanha é uma terra de abundância, liberdade, ócio, prazeres absolutos e eterna juventude, uma espécie de Shangri-lá, idealizada por um anônimo poeta francês do século XIII. Belinky explora o imaginário sobre o lugar e oferece aos pequenos leitores um mundo de fantasia, onde não há “nada melhor do que não fazer nada”.Já Caixinha de poesias, da ArxJovem, foi escrito quando a autora, Fernanda Monteiro Barroso de Castro, tinha entre 9 e 10 anos. Os textos ingênuos falam de temas como amor, saudade, amizade e até preocupações ecológicas, como revela “Animal”: O animal não pode sofrer/ A matança tem de parar de acontecer/ E os homens têm de aprender/ Que o animal não pode desaparecer. Outro lançamento, Circo mágico – Poemas circenses para gente pequena, média e grande, de Alexandre Brito, da Projeto Editora, “passeia” pelo universo do picadeiro, apresentando seus personagens.E mesmo os livros que já estão no mercado há mais tempo podem trazer surpresas. Em A caligrafia de Dona Sofia, publicado pela editora Paulinas, André Neves conta a delicada história da professora aposentada que conhece os segredos, os sonhos, as sensações que as frases dos poetas despertam – e, com sua linda letra, escreve poesia por todos os cantos da casa, até não sobrar mais espaço. Ela passa então a presentear os moradores da cidade com versos de escritores da língua portuguesa: Fernando Pessoa, Carlos Drummond de Andrade, Manuel Bandeira, Mário Quintana, Cecília Meireles...
Hoje fui brincar de rodaNa calçada pula cordaE também amarelinhaEu a Paula e a Julinha.La no muro contei dezTodo mundo se escondeuCorre aqui corre acoláE o João Pedro se perdeuNa ciranda cirandinhaNossa roda bem grandinhaPras meninas passa anelPros meninos figurinhaTodas essas brincadeirasAs crianças sempre gostamCom carinho e alegriaNo sorriso sempre mostram.
MINHA CULPA
Sei lá! Sei lá! Eu sei lá bemQuem sou? um fogo-fátuo, uma miragem...Sou um reflexo...um canto de paisagemOu apenas cenário! Um vaivémComo a sorte: hoje aqui, depois além!Sei lá quem sou? Sei lá! Sou a roupagemDe um doido que partiu numa romagemE nunca mais voltou! Eu sei lá quem!...Sou um verme que um dia quis ser astro...Uma estátua truncada de alabastro...Uma chaga sangrenta do Senhor...Sei lá quem sou?! Sei lá! Cumprindo os fados,Num mundo de maldades e pecados,Sou mais um mau, sou mais um pecador...Florbela Espanca

sexta-feira, 22 de agosto de 2008

Podia dizer apenas
que a vida é como um avião que passa
ou apenas um pássaro que voa,
mas a vida por mais que o negue
é isto mesmo,
é simplesmente a vida...

Podia chamar-lhe amor ou ódio,
insulta-la ou respeita-la,
denegri-la ou enaltece-la,
mas por mais que finjamos
a vida será sempre o cair da máscara
e o descer do palco,
deixando raiar o sol do meu pensamento
no luar dos sentimentos.

Esta vida é a vida de todos nós
que respiramos e lutamos contra a morte
em cada segundo que passa,
mas a vida para ser vivida
não é apenas isto,
existem as mãos,
existem ainda os corações
que gritam mais alto do que nós,
soando sua voz pela eternidade,
construindo e reconstruindo novamente
a vida que tanto queremos
e nunca alcançamos.

Viver é saber amar,
ser a natureza que nos vai na alma,
dar o mais profundo e sentido gesto
a quem dedicamos afinal a nossa vida.

Podia dizer apenas
que a vida é como um avião que passa
ou apenas um pássaro que voa,
mas a vida por mais que o negue
é isto mesmo,
é simplesmente a vida...

Podia chamar-lhe amor ou ódio,
insulta-la ou respeita-la,
denegri-la ou enaltece-la,
mas por mais que finjamos
a vida será sempre o cair da máscara
e o descer do palco,
deixando raiar o sol do meu pensamento
no luar dos sentimentos.

Esta vida é a vida de todos nós
que respiramos e lutamos contra a morte
em cada segundo que passa,
mas a vida para ser vivida
não é apenas isto,
existem as mãos,
existem ainda os corações
que gritam mais alto do que nós,
soando sua voz pela eternidade,
construindo e reconstruindo novamente
a vida que tanto queremos
e nunca alcançamos.

Viver é saber amar,
ser a natureza que nos vai na alma,
dar o mais profundo e sentido gesto
a quem dedicamos afinal a nossa vida.

Respeite o silêncio
a omissão,
a ausência.
É meu movimento de deserção.
Abandonei o posto,
rompi a corda,
desacreditei de tudo.
Cansei de esperar que finalmente um dia,
minha fotografia
fizesse jus ao seu criado-mudo.
Poesia não tem tempo
Pois o próprio tempo é a poesia
Existe...Resiste ao tempo passante
Está no coração gigante e
Na alma do poeta
Sobrevivendo nas cores
Expressada dos amores!
Espalhadas em versos
Nos poemas vão cantando
Pelos cantos deste mundo
Nas asas do vento soprando...
As dores ...Em um verso chorado
Escondendo entre as flores
Que no fundo todo poeta
Morre de amores...Alucinantes
Mas renasce igual a fênix
A cada amor encontrado
Alcançando nos escritos
As sombras de amores passados
E assim vão poetando
A poesia renascendo
A cada tempo de um tempo
Onde a poesia é eterna!
Vive aqui
Vive acolá
E sempre viva será

Quisera ser a Água.
não ter o prejuízo da forma,
pra poder compreender todas as formas,
cor nem cheiro,
para impregnar-me de todas as cores da Terra
e de todos os perfumes das matas e dos campos.

A Água fotografa na retina móvel
lava na alma compassiva
as grandezas e misérias da Terra.
A Água quando se turva
é num segredo de útero
para o gesto dos peixes e das algas,
quando se salga
é a grande lágrima do Mundo — o Mar
Sangue nas veias do Planeta,
a Água rios flui. Vai sem pergunta,
sem plano e sem mealheiro.
Existe, e é útil: compre o seu destino.
Sabe que a espera o Mar.

Também sabemos
que nos espera um Mar.
Mas a Água sabe mais que nós:
o de que esquivamos nosso olhar:
que toda ela é o Mar.
E sobretudo sabe
que há de ir e de voltar
até a consumação dos ciclos.
Nem se lamenta. Sabe
que não há o que lamentar.

No Mar!...
Ah música de espumas!
No Mar!...
Ah vinhos de marulhos!
Ah conchas de silêncio!
Ah solidão do todo!
No Mar!...
E o Grande Coração bombeia as águas
para as artérias do ar.

A Água quando se eleva
não sabe de orgulho, nem de mesquinha altura.
Sabe a fortuna dos ventos,
a fecundidade das trevas.
E cumpre a Lei. Rosa
de nuvens
dá-se.

Água:
Vida que ao Sol nos move
e me comove.

AOS QUE ACREDITAM

Não temos pés de barro.
Nem mesmo nossos ombros
são nuvens.

Somos parte de
uma utopia que abala
o mundo.

Um sonho que transforma
o sílex em silêncio. Os que
não se rendem diante
do medo.

Os que não temem
as sombras.

Somos fabricantes de luzes.

Vaga-lumes em noite sem lua
ensinando o caminho da manhã.
Caminhando e poetizando
Se faz tão íntimo
A poesia, o poeta
Neste instante - quando
Os girassóis giram sós
E os transeuntes giram aos sóis
Sem ser notados!...
Que o sentimento inserido
Nas páginas deste livro
Nos faça lívidos como as brumas
E que as presas que passam rápidas
Sejam apenas palavras de amor.
Que venham estrelas, luas e dúvidas
Para que em última estância:
Versem os poetas
Cantem os cantores
Falem das alegrias
Falem das dores
E dos amores que guardam em si,
E que os girassóis
Girem em nós - nos passantes -
não notados - favelados,
Eternos namorados à luz do luar
Aos versos e cânticos do MEU CAMINHAR.