amores

Mariana 1 ano e meio

Mariana 1 ano e meio

Mariana

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quinta-feira, 20 de novembro de 2008

José Paulo Paes

Convite
Poesia é brincar com palavras como se brinca com bola, papagaio, pião. Só que bola, papagaio,pião de tanto brincar se gastam. As palavras não: quanto mais se brinca com elas mais novas ficam. Como a água do rio que é água sempre nova. Como cada dia que é sempre um novo dia. Vamos brincar de poesia?

Amizade é...

Quando falei em dar as mãos
Pensava em lealdade
Como se fossemos irmãos
Filhos da mesma vontade
Quando falei em dar as mãos
Pensava em amizade
Como se fossemos cidadãos
Conhecedores da nossa realidade
Quando falei em dar as mãos
Pensava em liberdade
Como quem semeia os grãos
Sonhando com a igualdade
Quando falei em dar as mãos
Pensava em fraternidade
Operários camponeses artesãos
Intelectuais e restantes cidadãos
Unidos pela solidariedade.

Brincando com as Palavras

Esta noite eu sonhei
Com as palavras...Brincava
Com elas eu desenhei
O futuro e acreditei
Que nele tudo se conjugava
Fiz muitas frases com elas
Algumas para recordar
Escrevi páginas tão belas
Abri portas abri janelas
Eu fiz o Mundo pensar
Misturei ternura com amor
Só para ver o que dava
Apareceu-me um mundo melhor
Sem diferenças físicas ou de cor
Onde toda a gente se respeitava
Era o tempo de paz e alegria
Do amor e da fraternidade
A água cristalina nos rios...Corria
Levou-me as palavras e a fantasia
Deixando a descoberto a realidade.
Josémanangão

quarta-feira, 12 de novembro de 2008

ROMANCE DAS PALAVRAS AÉREAS (Cecília Meireles, Romanceiro da Inconfidência)

"Ai, palavras, ai, palavras,que estranha potência, a vossa! Ai, palavras, ai, palavras,sois de vento, ides no vento,no vento que não retorna,e, em tão rápida existência,tudo se forma e transforma!Sois de vento, ides no vento,e quedais, com sorte nova!Ai, palavras, ai, palavras,que estranha potência, a vossa!Todo o sentido da vidaprincipia à vossa porta;o mel do amor cristaliza seu perfume em vossa rosa;sois o sonho e sois a audácia,calúnia, fúria, derrota...A liberdade das almas,ai! com letras se elabora...E dos venenos humanossois a mais fina retorta:frágil, frágil como o vidroe mais que o aço poderosa!Reis, impérios, povos, tempos,pelo vosso impulso rodam...Detrás de grossas paredes,de leve, quem vos desfolha?Pareceis de tênue seda,sem peso de ação nem de hora...- e estais no bico das penas,- e estais na tinta que as molha,- e estais nas mãos dos juizes,- e sois o ferro que arrocha,- e sois barco para o exílio,- e sois Moçambique e Angola!Ai, palavras, ai, palavras,ídeis pela estrada afora,erguendo asas muito incertas,entre verdade e galhofa,desejos do tempo inquieto,promessas que o mundo sopra...Ai, palavras, ai, palavras,mirai-vos: que sois, agora?- Acusações, sentinelas,bacamarte, algema, escolta;- o olho ardente da perfídia,a velar, na noite morta;- a umidade dos presídios,- a solidão pavorosa;- duro ferro de perguntas,com sangue em cada resposta;- e a sentença que caminha,- e a esperança que não volta,- e o coração que vacila,- e o castigo que galopa...Ai, palavras, ai, palavras,que estranha potência, a vossa!Perdão podíeis ter sido!- sois madeira que se corta,sois vinte degraus de escada,- sois um pedaço de corda...- sois povo pelas janelas,cortejo, bandeiras, tropa...Ai, palavras, ai, palavras,que estranha potência, a vossa!Éreis um sopro na aragem...- sois um homem que se enforca!

dedos coloridos

Esse meu dedo verde,foi mamãe quem me deu,pois plantei um limãoe ele logo cresceu.Esse meu dedo azul,foi o rio que pintou;com vovô fui pescar,e meu peixe voou!O meu dedo amarelo,só me dá confusão.Fica dizendo a todos,que não faço a liçãoO dedo mais bonitofica assim bem rosado,pois é do coração,e é bem comportado.Esse meu dedo escuro,eu mesma que pinteipois fui brincar com fogo e então me queimei.(Rosa Clement)

Sempre Criança


Menino, vem, vou te levar pra verpaisagens pra brincar,não vais querer crescer:Veja quem vai nos levarpor esse pedaço de céu.É o meu cavalo Carrossel...Com o teu jeito de criança,vais teimar com o vento,e rir das marcas dos teus pés pelos caminhos.E um dia já distante,em uma janela da cidade,lembrarás desses campos,com saudades...