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Mariana 1 ano e meio

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quarta-feira, 22 de outubro de 2008

Poesia como campo de produção expressiva: ampliação das experiências das crianças

Podemos afirmar que a linguagem poética guarda semelhança em relação à linguagem da criança pois ambas trazem para o primeiro plano as possibilidades criativas e plásticas da linguagem. As palavras da poesia soam como música, às vezes convocam o corpo a dançar, fazem nascer imagens, inventando novos sentidos para as coisas.
Por isso, trazer a linguagem poética para o cotidiano da criança significa potencializar o modo de produção inventivo, a capacidade expressiva da linguagem, permitindo o re-encontro da palavra com o movimento, do som com a imagem, muitas vezes enfraquecidos quando tomamos a linguagem escrita como marca do real, decodificação de som, de modo instrumental.
O poeta José Paulo Paes (1996) colabora na elaboração dessa compreensão, quando afirma que a poesia promove uma intensificação do sentido das palavras, possibilitando:

mostrar a perene novidade da vida e do mundo, atiçar o poder de imaginação das pessoas, libertando-as da mesmice da rotina; fazê-las sentir mais profundamente o significado dos seres e das coisas, estabelecer entre essas correspondências parentescos inusitados que apontem para uma misteriosa unidade cósmica; ligar entre si o imaginado e o vivido; o sonho e a realidade como partes igualmente importantes de nossa experiência de vida (Paes, 1996:27)

Mais do que a rima, a poesia destaca-se pela repetição de sons semelhantes em palavras próximas, pelo ritmo dos versos, comparações e oposições de sentido, ou seja, recursos que dão vivacidade, sugestividade e poder de sedução à linguagem. Mais do que aproximar-se do cotidiano da criança, promovendo relações com a experiência vivida (o que faz a prosa/narrativa), a poesia tende a chamar a atenção da criança para as surpresas que podem estar escondidas na língua.
Trata-se de descobrir novas possibilidades para palavras já conhecidas, explorar caminhos inusitados entre elas. Na poesia, é possível dizer algo ao contrário do que é na realidade, criar efeitos novos para elementos já conhecidos, realizar a produção do "novo" como re-criação do "velho", tal como propõe Vygotsky.
Desta forma, podemos perceber a conexão estreita entre as poesias e a dança, à medida que a leitura de algumas sugere movimentos, e ritmos. Ou, a conexão com produção plástica, à medida que alguns objetos e pinturas sugerem poesias e estas mobilizam produção de imagens.

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